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terça-feira, 24 de maio de 2011

THOR E SUAS QUALIDADES INVISÍVEIS

por Patrícia Balan
Confesso que gostaria deste filme, mesmo se não gostasse. Estava doida para ver outro filme da Marvel e ver outro Shakespearish de Kenneth Bragnagh. Quando me disseram que eu veria os dois ao mesmo tempo, fiquei doidinha! Se alguém quiser uma crítica imparcial, manda o Ricky Nobre voltar a escrever. Eu vou soltar meu verbo e minha tietagem.

O deus do trovão é estourado demais, mas muito bem articulado.

Thor tem problemas... Não Thor, o personagem, mas o filme. Se bem que o deus do trovão tem um sério problema de atitude, sim. É um irresponsável, fanfarrão, inconsequente, grosso feito parede de igreja e burro! O homem é lindo, mas é burro feito uma porta! É a criatura mais previsível e controlável da face de Asgard. Falando nela...

Asgard é um problemão. Ela parece ter sofrido um extreme makeover do decorador de Tron. O paraíso nórdico high-tech pode não ter agradado a maioria. As panorâmicas do pessoal da pintura digital devem funcionar que é uma beleza em 3D, mas a mulinha aqui deixou para ver Thor muito tarde - assim como outros lobos daqui - e acabei perdendo a oportunidade. Em 2D o filme perde bastante, mas os personagens continuam tridimensionais.

Lady Gaga e o estilista de Tron deram uns pitacos no figurino. Até que ficou legal.

O figurino, por incrível que pareça, não sofre os apertos que o cenário sofreu. As armaduras ficaram bem tronzadas - e eu faço este trocadilho medonho com a melhor das intenções. Sir Anthony Hopkings chegou a dizer que "não era necessário atuar" quando ficou frente a frente com seu filho, Chris Hemsworth, com o figurino no estágio final.

"Tira essa roupa preta porque tu é moleque!"

Hemsworth já justificou o preço da entrada no trailler, quando aparece sem camisa. Apesar disso eu confesso que fiquei muito preocupada com esse Thor com cara de neném. Agora, com o filme ainda fresquinho na cabeça, posso falar sem nenhuma vergonha e cheia de preconceito: ator australiano é como comediante cearense - a coisa raramente desanda. E como bônus, vem sempre uma vozinha roncada, sexy e um corpitcho de tirar o fôlego. Natalie Portman mais ri do que fala quando contracena com o deus nórdico. Mais uma que não precisou representar.

Thor disfarçado de Dr. Blake, disfarçado de autraliano irresistível, disfarçado de pedaço de mau caminho.

Mas, gente... Onde há fumaça há fogo. O diretor foi Kenneth Branagh. Esse é o cara que popularizou Shakespeare. O coleguinha de teatro dele, Tom Hiddleston fez teste para Thor, mas terminou como um Loki fofinho, gatinho e elegante. Rene Russo tá lá, linda como sempre. Colm Feore faz outro vilão de tirar o chapéu (Lembram de A Batalha de Riddick? O Lord Marshall é tudo, menos Riddickulo). Ray Stevenson faz um Volstagg pouco volumoso, mas muito carismático. Isso sem falar dos personagens secundários que deixam a gente com saudade, pois são muito mais que ornamentos para o cenário. O DJ Idris Elba faz um Heimdall muito chique depois de uma interpretação medíocre em Rock'nrolla. É muita gente que não era boa, e que ficou boa, contracenando numa boa com gente muito, muito, muito boa na arte de interpretar! A linguagem rebuscada e um pouco ridícula de Thor nos quadrinhos está lá! Só que ela foi tão polida pelo meu amado K.B. que não se nota a passagem de Asgard para Midgard - esse fim de mundo para onde Thor foi escorraçado.

Tom Hiddleston fez um Loki com motivações compreensíveis. Um excelente antagonista para um Thor esperto como um gato morto.

Os personagens têm identidade e carisma, por menor que seja a participação. Todo mundo é bem articulado demais e ninguém nota. Todo mundo é elegante demais e ninguém nota.

Olha um spoiller! Levinho, mas spoiller...

Não tem vilão nem herói nessa história e ninguém nota.

Desespoillei! Podem voltar a ler.

Kenneth Branagh, com um currículo cheio de filmes onde todo mundo já conhece a história, brinca com o óbvio e consegue levar a gente por um caminho mais que conhecido mostrando tudo o que um olhar descuidado deixou passar.

Num encontro de Henrique V com Hércules da Disney, o filme narra o início das aventuras do deus do trovão, Thor, no que diz respeito aos quadrinhos. O loiraço barbudinho está pronto para assumir o trono de Asgard quando um ataque pequeno demais para justificar uma guerra, mas sério o bastante para despertar o George W. Bush dentro do previsível príncipe marombado, acaba com a festa. Thor precisa provar seu valor antes de subir ao trono. O irmãozinho Loki tenta dar bons conselhos e chamar seu irmão à razão, mas ninguém escuta esse menino tão magrinho e bem intencionado e tão menosprezado pelo pai grandão e imponente.

Shakespeare e Stan Lee - tudo a ver!

Veja Thor ainda essa semana ou tenha um pouquinho mais de boa vontade com o filme em DVD. Atores tão bons não escolhem um filme de quadrinhos sem um motivo além do simples pagar o aluguel. Gente tão bacana não faz trabalho sem graça, mas faz trabalho invisível. Você vai descobrir a diferença se saborear o filme com um pouquinho mais de atenção e só um pouquinho menos de pipoca.

"Quero virar corno se eu estiver mentindo!"

Curiosidade: não foi só na tela que os irmãos batalharam. (Ah, qual é, gente? Isso não é spoiller! Loki é o deus da trapaça - como é que ele pode NÃO ser o vilão?!) Um dos finalistas para o papel de Thor foi o ator australiano Liam Hemsworth. O sobrenome é familiar? Pois a disputa final ficou entre os irmãos Chris e Liam. Chris Hemsworth disse que não sobrou nenhum amargo da disputa, pois tem certeza que seu irmão torceu para ele o tempo todo. Espera só ele chegar em casa! Tem gente que não aprende nunca!

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